A educação já atendeu aos mais diferentes objetivos das sociedades. Nas antigas civilizações já foi reconhecida por seu caráter disciplinar e combativo, pela valorização da retórica e da oratória como instrumento político vitorioso e também como técnica agrícola que garantia a subsistência. No período medieval, a educação era monopolizada pelos dogmas religiosos que ditavam diretrizes em espaços escolares organizados em mosteiros e igrejas, onde a educação formal era direcionada aos sacerdotes e à nobreza. Uma reestruturação favoreceu o ensino das artes liberais levando o ensino literário e científico à espaços próprios e com profissionais especializados, dando origem às universidades.

          Posteriormente, profissionais letrados, provenientes da burguesia e do clero, passaram a influenciar a mudança nos métodos de ensino, enfatizando a análise e a crítica na investigação científica e a razão passou a fundamentar a aquisição do conhecimento. O renascimento trouxe o viés humanista, exaltando a busca pela perfeição, a observação da natureza, plantas, animais e a própria anatomia humana. Os abalos trazidos pelas transformações culturais, sociais e econômicas distanciaram educação e religião, emergindo novo movimento em favor de uma instrução curricular, popular e universal, sob dever do Estado.

          Na Idade Moderna, a instrução a serviço da produtividade da classe trabalhadora remodelou os princípios da educação. O financiamento para a manutenção das escolas foi designado aos conselhos municipais. As seleções de temas e obras para composição de acervo geral foram originando currículos e desenhando graus de ensino melhor definidos. O ensino de ofícios exigiu educadores qualificados e de carreira. E, a necessidade de viabilizar a aprendizagem e ressignificar os métodos de ensino, livres de punições físicas ou psicológicas, balizaram a forma de educar.

          Os contextos e movimentos políticos, sociais e econômicos de todos esses períodos transformaram paulatinamente a educação, invariavelmente implantada por meio de modelos expositivos, rígidos e centrados na figura do professor. Porém, movimentos econômicos e industriais mais pungentes como, por exemplo, a Revolução Industrial, aceleraram o ciclo de mudanças. Invenções como o motor a vapor e, posteriormente, a eletricidade, ampliaram a manufatura e agilizaram a comercialização de produtos, exigindo dos trabalhadores mais do que aptidão física, domínio da tecnologia focada na operacionalização de equipamentos. Universalizar a educação era preciso.

          Nas últimas décadas, a sociedade industrial ganhou contornos globais com o apoio da tecnologia. A globalização do conhecimento trouxe a personalização dos interesses e moveu as luzes do holofote para o aprendiz. No ínterim de adequação dos atores educacionais neste cenário, a Educação 5.0 alavancada pela 4a. Revolução Industrial irrompeu pressionando pelo próximo ciclo de mudanças. Tecnologias embarcadas com microeletrônica e comunicação sem fio como Robótica e Internet das Coisas, além de Inteligência Artificial e Realidade Virtual e Aumentada são como engrenagens que impuseram novo movimento à Educação, de onde se espera evolução, tendências e respostas para problemas reais e complexos. Assim, um modelo de educação moderno, apoiado pela aprendizagem ubíqua, virtual e multiplataforma, capaz de conectar ensino e pesquisa ao desenvolvimento de inovação é imperativo.

          Espera-se que na bagagem do cidadão 5.0, junto com habilidades de alfabetização, aritmética e artes liberais estejam as habilidades digitais, tecnológicas, midiáticas, inventivas, globais e socioemocionais. Um mapeamento recente dessas habilidades está no relatório Future of Jobs do World Economic Forum (WEF), e elenca: (1) resolução de problemas complexos; (2) pensamento crítico; (3) criatividade; (4) gestão de pessoas; (5) coordenação com os outros; (6) inteligência emocional; (7) capacidade de julgamento e tomada de decisão; (8) orientação para servir; (9) negociação e (10) flexibilidade cognitiva.

         Esse breve olhar longitudinal sobre a educação nos mostra que a lista de exigências que recai sobre a educação está cada vez maior, e reflexão que fica é: “estamos preparados”?